sábado, 20 de setembro de 2014

Vital e Sua Moto
Vital andava a pé e achava que assim estava mal
De um ônibus pro outro aquilo para ele era o fim
Conselho de seu pai: "Motocicleta é perigoso, Vital.
É duro de negar, filho, mas isto dói bem mais em mim."
Mas Vital comprou a moto e passou a se sentir total, sentir total
Vital e sua moto, mas que união feliz
Corria e viajava, era sensacional
A vida em duas rodas era tudo que ele sempre quis
Vital passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Vital passou a se sentir total
No seu sonho...
Vital passou a se sentir total
Com seu sonho de metal
Vital passou a se sentir total
No seu sonho...
Os Paralamas do Sucesso iam tentar tocar na capital, (na capital)
E a caravana do amor então pra lá também se encaminhou
Ele foi com sua moto, ir de carro era  baixo astral
Minha prima já está lá e é por isso que eu também vou.


Pessoal, as letras das músicas vistas em sala.Vocês deverão passá-la de música para um conto narrativo.Bom trabalho!
    Meu pai não tinha educação

Ainda me lembro, era um grande coração

Ganhava a vida com muito suor

Mas mesmo assim não podia ser pior



Pouco dinheiro pra poder pagar

Todas as contas e despesas do lar

Mas Deus quis vê-lo no chão

Com as mãos levantadas pro céu

Implorando perdão



Chorei, meu pai disse: "Boa sorte",

Com a mão no meu ombro

Em seu leito de morte

E disse

"Marvin, agora é só você

E não vai adiantar

Chorar vai me fazer sofrer"



Três dias depois de morrer

Meu pai, eu queria saber

Mas não botava nem um pé na escola

Mamãe lembrava disso a toda hora



Todo dia antes do sol sair

Eu trabalhava sem me distrair

As vezes acho que não vai dar pé

Eu queria fugir, mas onde eu estiver

Eu sei muito bem o que ele quis dizer

Meu pai, eu me lembro, não me deixa esquecer

Ele disse

"Marvin, a vida é pra valer

Eu fiz o meu melhor

E o seu destino eu sei de cor"



E então um dia uma forte chuva veio

E acabou com o trabalho de um ano inteiro

E aos treze anos de idade eu sentia

todo o peso do mundo em minhas costas

Eu queria jogar mas perdi a aposta,



Trabalhava feito um burro nos campos

Só via carne se roubasse um frango

Meu pai cuidava de toda a família

Sem perceber segui a mesma trilha

Toda noite minha mãe orava

"Deus, era em nome da fome

que eu roubava"



Dez anos passaram, cresceram

meus irmãos

E os anjos levaram minha mãe

pelas mãos

Chorei, meu pai disse: "Boa sorte"

Com a mão no meu ombro

Em seu leito de morte



"Marvin, agora é só você

E não vai adiantar

Chorar vai me fazer sofrer.

Marvin, a vida é pra valer

Eu fiz o meu melhor

E o seu destino eu sei de cor".

terça-feira, 16 de setembro de 2014



Crônica para dona Nicota

Tatiana Belinky 
Ilustração: Cris e Jean
Ilustração: Cris e Jean
Foi nos anos finais da década de 40. (Há tanto tempo!) Meu primogênito Ricardo completara 6 anos de idade, e resolvemos matriculá-lo no primeiro ano primário da Escola Americana, do já então tradicional Mackenzie College, que ficava a três quadras da nossa casa. E Ricardinho, que era uma criança tímida e um tanto ensimesmada, não gostou nem um pouco da experiência de ficar "abandonado" num lugar estranho, no meio de gente desconhecida — uma coisa para ele muito assustadora. E não houve jeito de fazê- lo aceitar tão insólita situação. Ele se recusava até mesmo a entrar na sala: ficava na porta, "fincava o pé", sem chorar mas também sem ceder... Eu já estava a ponto de desistir da empreitada, quando a professora da classe, dona Nicota, se levantou e veio falar conosco. E todo o jeito dela, a maneira como ela olhou para o Ricardinho, o timbre e o tom da sua voz, a expressão do seu rosto e até a sua figurinha baixinha, meio rechonchuda, não jovem demais, muito simples e despojada, causaram imediatamente uma sensível impressão no menino. A tensão sumiu do seu rostinho, seu corpo relaxou, e - ora vejam! - ele respondeu com um sorriso ao sorriso da dona Nicota!

- Vem ficar aqui comigo - ela disse. - Você vai gostar. - E acrescentou, para minha surpresa, - Eu mesma vou levar você para a sua casa. E amanhã cedo, eu mesma vou buscar você, para vir à escola comigo.

Eu não sabia como agradecer. E nem foi preciso — o que dona Nicota disse, ela cumpriu. E durante vários dias, até semanas, ela passou pela nossa casa, pouco antes do início das aulas, e levou o Ricardinho pela mão, a pé, até a escola e a sua sala. E o trouxe de volta, da mesma maneira. E até quando, certo dia, o menino estava adoentado e não pôde ir à escola, ela voltou para lhe dar uma "aula particular", em casa — para ele não se atrasar no programa. Tudo isso na maior simplicidade, como se fosse a coisa mais natural do mundo...

O Ricardinho adorava a dona Nicota - e não era para menos. Dona Nicota era a mais perfeita e linda encarnação da "professora primária" ideal - a mais nobre e fundamental das profissões: a de ser a primeira a preparar uma criança pequena nas suas primeiras incursões na vida real - com competência, dedicação, compreensão, paciência e carinho. E a consciência plena de estar dando à criança uma verdadeira base para o futuro cidadão.
Por que estou contando tudo isso a vocês, hoje? Porque, no Dia do Professor, eu senti que não poderia prestar maior homenagem a todos os "mestres-escolas" do Brasil do que incluí-los nesta "crônica-tributo" a dona Nicota, exemplo e paradigma de uma modesta e maravilhosa professora "montessoriana" e um grande ser humano.

Ricardo saiu de sob a asa de dona Nicota lendo e escrevendo. E hoje, jornalista, tradutor e escritor, esse avô de três netos continua se lembrando de dona Nicota, com carinho e gratidão.

Essa dona Nicota que a estas horas deve estar dando aulas montessorianas aos anjinhos do céu.
Crônica de Tatiana Belinky, ilustrada por Cris e Jean
retirada da revista Nova Escola


sábado, 6 de setembro de 2014

CARTA ESCRITA ANO 2050

Acabo de completar 50 anos, mas a minha aparência é de alguém de 85.
Tenho sérios problemas renais porque bebo pouca água.
Creio que me resta pouco tempo.
Hoje sou uma das pessoas mais idosas nesta sociedade.
Recordo quando tinha 5 anos.
Tudo era diferente.
Havia muitas árvores nos parques. As casas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutar de um bom banho de chuveiro.
Agora usamos toalhas em azeite mineral para limpar a pele.
Antes, todas as mulheres mostravam suas formosas cabeleiras.
Agora, raspamos a cabeça para mantê-la limpa sem água.



Antes, meu pai lavava o carro com a água que saía de uma mangueira.
Hoje os meninos não acreditam que utilizávamos a água dessa forma.
Recordo que havia muitos anúncios que diziam para CUIDAR DA ÁGUA, só que ninguém lhes dava atenção. Pensávamos que a água jamais poderia acabar. Agora, todas as nascentes, rios, lagoas e mantos aqüíferos estão irreversivelmente contaminados ou esgotados.
Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
As infecções gastrintestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte.
A indústria está paralisada e o desemprego é dramático.
As fábricas dessalinizadoras são as principais fontes de emprego e pagam os empregados com água potável em vez de salário.
Os assaltos por um litro de água são comuns nas ruas desertas.
A comida é 80% sintética.
Antes, a quantidade de água indicada para se beber era oito copos por dia, por pessoa adulta.
Hoje só posso beber meio copo.
A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. Tivemos que voltar a usar as fossas sépticas, como no século passado, porque a rede de esgoto não funciona mais por falta de água.
A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pele pelos raios ultravioletas que já não têm a capa de ozônio que os filtrava na atmosfera.
Com o ressecamento da pele, uma jovem de 20 anos parece ter 40.
Os cientistas investigam, mas não há solução possível.
Não se pode fabricar água, o oxigênio também está degradado por falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações.
Alterou-se a morfologia dos gametas de muitos indivíduos.
Como conseqüência, há muitas crianças com insuficiências, mutações e deformações.
O governo até nos cobra pelo ar que respiramos: cento e trinta e sete m3 por dia por habitante adulto.
Quem não pode pagar é retirado das “zonas ventiladas”, que são dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam com energia solar.
Não são de boa qualidade, mas se pode respirar.
A idade média é de 35 anos.
Em alguns países restam manchas de vegetação com o seu respectivo rio, que é fortemente vigiado pelo exército.
A água tornou-se um tesouro muito cobiçado, mais do que o ouro ou os diamantes.
Aqui não há árvores porque quase nunca chove. E quando chega a ocorrer uma precipitação, é de chuva ácida.
As estações de ano foram severamente transformadas pelas provas atômicas e pela poluição das indústrias do século XX.



Advertiam que era preciso cuidar do meio ambiente, mas ninguém fez caso.
Quando a minha filha me pede que lhe fale de quando era jovem, descrevo o quão bonitos eram os bosques.
Falo da chuva e das flores, do agradável que era tomar banho e poder pescar nos rios e lagoas, beber toda a água que quisesse.
O quanto nós éramos saudáveis!
Ela pergunta-me:
-Papai! Por que a água acabou?
Então, sinto um nó na garganta!
Não posso deixar de me sentir culpado porque pertenço à geração que acabou de destruir o meio ambiente, sem prestar atenção a tantos avisos.
Agora, nossos filhos pagam um alto preço...
Sinceramente, creio que a vida na Terra já não será possível dentro de muito pouco tempo, porque a destruição do meio ambiente chegou a um ponto irreversível.
Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a humanidade compreendesse isto...
... enquanto ainda era possível fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!

FAÇA ESTA MENSAGEM CHEGAR A SEUS CONHECIDOS. VOCÊ ESTARÁ CRIANDO UM POUCO DE CONSCIÊNCIA PARA CUIDAR DA VIDA À SUA VOLTA.

 Texto: publicado na revista “Crônicas de los Tiempos”